sexta-feira, 7 de maio de 2010

Querido John (2010)


[ Um refresco no gênero romântico]

Querido John, novo filme do diretor sueco Lasse Hallstrom, é uma adaptação do livro homônimo de Nicholas Sparks sobre um jovem soldado, John (Channing Tatum), que tem de se separar de sua paixão, Savannah (Amanda Seyfried), para cumprir suas missões com o exército americano. O roteiro parece marcado: ambos se apaixonam, se separam e se reencontram depois de muito tempo para enfim ficarem , ou não, juntos. E o filme não foge muito disso. O que surpreende em Querido John é a forma madura com que o relacionamento é tratado, sem melodramas e pieguices que poderiam tornar o longa em mais um produto barato e descartável.

Não tive a oportunidade de ler o livro para comparar, mas me agradou muito a forma como histórias diferentes são inseridas na trajetória do casal. Há o pai de John, solitário e apaixonado por moedas. Há o vizinho de Savannah, Tim, e o seu filho autista, Alan, que são como uma família pra ela. Todos esses três personagens estão inseridos de forma pertinente no enredo do filme e são extremamente necessários pra conhecer um pouco da personalidade de John e Savannah. Enquanto John se mostra perturbado por alguns acontecimentos de sua infância, Savannah mostra-se uma menina altamente altruísta. 

O fato é que ambos se conhecem e se apaixonam durante as suas respectivas "férias" e vivem uma relação intensa durante duas semanas. Após isso, poucos são os momentos que passam juntos durante o longa. John tem de, mais de uma vez, cumprir serviço por um longo período, o que gera uma instabilidade natural na relação. Durante este tempo, a única fonte de comunicação entre os dois são pequenas e demoradas cartas. E é aí que o filme ganha um diferencial. Constantemente, por meio de narrações, somos apresentados a alguns desses escritos, que se se mostram extremamente eficientes pra passar a dor e o sentimento de ambos e também para retratar o modo como a distância e o tempo podem afetar uma relação.

É importante aqui dar um destaque para a brilhante atuação de Richard Jenkins como o pai de John. Jenkins literalmente rouba a cena, criando um personagem até mais interessante que os dois principais. Sua história diferente envolve facilmente e o seu Sr. Tyree acaba sendo o personagem de mais apelo emocional no longa. Os outros atores fazem sua parte e Amanda Seyfried mostra novamente que é mais que um rostinho bonito. Channing Tatum ainda tem muito a trabalhar, mas o seu frio John acaba não comprometendo tanto sua atuação.

De resto, Querido John ainda toca em assuntos como autismo e guerra. Em fato, esses são temas que recebem uma merecida atenção. A guerra, em particular, mostra como é díficil a separação, em uma situação que se mostrou extremamente comum nos últimos anos, especialmente se falando de EUA.

Por fim, é preciso reconhecer mais um bom trabalho de Hallstrom. A dinâmica do filme é muito boa e não chega a cansar. A ótima trilha sonora marca presença de novo, juntamente com  ótimas tomadas e cenários. Querido John pode não ser algo único, mas parece algo novo em vias do que vem aparecendo ultimamente no gênero. Pequenos excessos de dramaticidade e aceitáveis passagens desnecessárias não são suficiente pra tirar a força deste belo e envolvente romance.

Nota: 7,5

Título Original: Dear John
Direção: Lasse Hallström
Gênero: Romance, Drama, Guerra
Duração: 105 min

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