[Filme que rendeu premiações a Kevin Bacon é um retrato exacerbado do nacionalismo norte-americano]
Kevin Bacon é um ator respeitado pelo seus colegas de trabalho. Já mostrou que é um ator competente em alguns trabalhos, mas nunca conseguiu se destacar como protagonista principal em uma grande produção. Em filmes marcantes, como Sobre Meninos e Lobos, seus personagens ficaram reduzidos a meros coadjuvantes. Nesta nova produção da HBO Films, Bacon tem um filme todo para si, que lhe rendeu, inclusive, um Globo de Ouro (por melhor ator em filme para televisão ou mini-série). Porém, este não deixa de ser um problema para ele. Sua divulgação ficou reduzida as televisões americanas, o que dificilmente tornará este filme marcante ou memorável, ainda que ele tenha uma grande atuação.
O filme é bem simples e se constitui na escolta, por parte do personagem de Bacon, Mike Strobl, de um soldado americano morto na Guerra do Iraque, Chance Phelps. A trajetória do longa é composta basicamente pela viagem de Mike até a cidade natal do rapaz, mostrando o modo como são tratados os soldados mortos em combate e o suposto respeito com que os cidadãos norte-americanos tratam o ocorrido. Por horas, inclusive, parece funcionar como um pequeno documentário, mostrando quais são as imcumbências e responsabilidades por parte do Exército Americano, desde os tratos de seus restos mortais e pertences, até todos os caprichos durante a sua viagem de volta.
No entanto, foi uma boa idéia restringir este filme para o público americano, ja que este é claramente um filme feito para e somente para eles. O modo como o tema é tratado é exagerado, extremamente melodramatico e em certas partes risível. O Retorno de um Herói tenta humanizar, de certa forma, o absurdo que é a Guerra do Iraque, mostrando o suposto respeito do país com os seus "heróis". Heróis que só recebem o seu merecido respeito após a sua morte. A crítica aqui não é em relação a forma como acontece esta procisão pós-morte, mas sim ao modo como o filme funciona como uma propaganda pró-governo, pró-exército e pró-guerra, quando todos sabem que ela já se mostrou desnecessária, inútil e cheia de segundas intenções.
Durante a trajetória do filme, pequenos coadjuvantes esporádicos aparecem para fortalecer esta imagem do "patriotismo". Desde o motorista, passando pela funcionária do aeroporto e pela aeromoça, todos parecem se mover com a o trabalho de Mike, em cenas extremamente sentimentalóides e repulsivas. Todos se encantam por essa atitude, o que é compreensível, mas em nenhum momento o filme questiona o exército, o governo, mostrando apenas um lado da questão. Um roteiro parecido, mas com o embate entre os dois lados, questionando o porque de sua morte, se ela foi válida, seria extremamente mais interessante. Porém, tudo é feito de forma certinha, parecendo uma propaganda de recrutamento.
De forma geral, O Retorno de um Herói se salva pela atuação de Kevin Bacon. É um filme feito por americanos para americanos. Se analisado como uma obra isolada, sem relação com o contexto mundial atual, pode até agradar e encantar. Contuso, oss não é possível. A suposta homenagem com os soldados mortos é louvável, já que eles são os menos culpados por tudo isso. Porém, seria muito mais interessante fazer esta retratação de um modo pertinente; de um modo que levasse as pessoas a refletir e pensar.
Nota: 3,5
Título Original: Taking Chance
Direção: Ross Katz
Gênero: Drama
Duração: 77 min
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