[ Um refresco no gênero romântico]
Querido John, novo filme do diretor sueco Lasse Hallstrom, é uma adaptação do livro homônimo de Nicholas Sparks sobre um jovem soldado, John (
Channing Tatum), que tem de se separar de sua paixão, Savannah (
Amanda Seyfried), para cumprir suas missões com o exército americano. O roteiro parece marcado: ambos se apaixonam, se separam e se reencontram depois de muito tempo para enfim ficarem , ou não, juntos. E o filme não foge muito disso. O que surpreende em Querido John é a forma madura com que o relacionamento é tratado, sem melodramas e pieguices que poderiam tornar o longa em mais um produto barato e descartável.
Não tive a oportunidade de ler o livro para comparar, mas me agradou muito a forma como histórias diferentes são inseridas na trajetória do casal. Há o pai de John, solitário e apaixonado por moedas. Há o vizinho de Savannah, Tim, e o seu filho autista, Alan, que são como uma família pra ela. Todos esses três personagens estão inseridos de forma pertinente no enredo do filme e são extremamente necessários pra conhecer um pouco da personalidade de John e Savannah. Enquanto John se mostra perturbado por alguns acontecimentos de sua infância, Savannah mostra-se uma menina altamente altruísta.
O fato é que ambos se conhecem e se apaixonam durante as suas respectivas "férias" e vivem uma relação intensa durante duas semanas. Após isso, poucos são os momentos que passam juntos durante o longa. John tem de, mais de uma vez, cumprir serviço por um longo período, o que gera uma instabilidade natural na relação. Durante este tempo, a única fonte de comunicação entre os dois são pequenas e demoradas cartas. E é aí que o filme ganha um diferencial. Constantemente, por meio de narrações, somos apresentados a alguns desses escritos, que se se mostram extremamente eficientes pra passar a dor e o sentimento de ambos e também para retratar o modo como a distância e o tempo podem afetar uma relação.
É importante aqui dar um destaque para a brilhante atuação de
Richard Jenkins como o pai de John. Jenkins literalmente rouba a cena, criando um personagem até mais interessante que os dois principais. Sua história diferente envolve facilmente e o seu Sr. Tyree acaba sendo o personagem de mais apelo emocional no longa. Os outros atores fazem sua parte e Amanda Seyfried mostra novamente que é mais que um rostinho bonito. Channing Tatum ainda tem muito a trabalhar, mas o seu frio John acaba não comprometendo tanto sua atuação.
De resto, Querido John ainda toca em assuntos como autismo e guerra. Em fato, esses são temas que recebem uma merecida atenção. A guerra, em particular, mostra como é díficil a separação, em uma situação que se mostrou extremamente comum nos últimos anos, especialmente se falando de EUA.
Por fim, é preciso reconhecer mais um bom trabalho de Hallstrom. A dinâmica do filme é muito boa e não chega a cansar. A ótima trilha sonora marca presença de novo, juntamente com ótimas tomadas e cenários. Querido John pode não ser algo único, mas parece algo novo em vias do que vem aparecendo ultimamente no gênero. Pequenos excessos de dramaticidade e aceitáveis passagens desnecessárias não são suficiente pra tirar a força deste belo e envolvente romance.
Nota: 7,5
Título Original:
Dear John
Direção:
Lasse Hallström
Gênero: Romance, Drama, Guerra
Duração: 105 min